quarta-feira, 24 de maio de 2017

FC Climática & Solarpunk no SESC Santos

Ficção Climática & Solarpunk no Sesc Santos

DIA 1:
201705201010P7 — 20.770 D.V.


“Em uma análise a posteriori, constatamos que, antes da publicação da nossa antologia Solarpunk em dezembro de 2012, o solarpunk era um movimento cultural à procura de um subgênero literário fantástico para chamar de seu.”
[trecho da minha apresentação]

Acordei hoje bem cedo, pois meu voo para São Paulo estava com partida do Santos Dumont prevista para às 07h10.  O despertador do celular falhou, mas a “sirene de fábrica” velha e confiável do relógio digital do remoto século XX me acordou dez minutos mais tarde.
Banho e desjejum tradicional e um UBER para às cinco e pouco da matina.  Sob condições de trânsito inexistentes, o translado de casa até o aeroporto levou coisa de dez ou doze minutos.
Uma vez no Santos Dumont, como não portava bagagem para despachar, fiz meu ckeck-in no próprio totem eletrônico da Gol.  Aproveitei para fazer também o check-in do voo de volta que pegarei para o Rio na próxima segunda-feira.
A leitura no saguão de embarque e também durante o voo de 52 minutos de duração foi a antologia Future Primitive: The New Ecotopias (Tor Books, 1994), organizada pelo Kim Stanley Robinson.  Durante o pouso em Congonhas, enfim concluí a leitura maçante da peça mais longa do livro, “‘A Story’, by John V. Marsch”, do Gene Wolfe.  Só depois descobri que se trata do fragmento de um romance e, ainda por cima, o terço do meio desse romance…  Assim não dá!  Pena, pois, até então, os trabalhos dessa antologia estavam mantendo uma média excelente.
O voo Gol 1003 transcorreu tranquilo e sem maiores percalços, não obstante o atraso de dez minutos na decolagem e o fato de não haver assentos marcados.  Como a equipe de terra avisou os passageiros sobre isto ainda no saguão de embarque, procurei ingressar logo na fila de embarque assim que os alto-falantes chamaram e consegui pegar um assento razoável.
Ao contrário do que aconteceu no embarque no Santos Dumont, em Congonhas havia finger de desembarque e, porque estava apenas com bagagem de mão, pude me dirigir direto à saída.
Na saída do desembarque, Plínio — o motorista de táxi contratado pelos organizadores do evento para fazer meu translado para Santos — já me aguardava com meu nome escrito em letras garrafais numa folha de papel.
A viagem de São Paulo para Santos foi rápida e tranquila.
Combinei com o Plínio que ele ou seu sócio Anaíldo deverá me buscar às 06h30 da próxima segunda-feira para meu translado de volta, Santos – Aeroporto de Congonhas.
Para minha felicidade, os recepcionistas do Atlântico Golden me deixaram subir para o quarto 313 assim que cheguei ao hotel, às 10h20.  Assim, pude descansar um pouco, ler um bocado e dar uma última repassada na minha apresentação.
Impressões iniciais do quarto: sinal de WiFi muito bom e TV a cabo com muitos canais (NET) que realmente funcionam.J
*     *      *

Às 14h00 saí do Atlântico Golden para o SESC via UBER.  Uma vez descobertos os endereços do hotel e da instituição, o aplicativo funcionou a contento e o veículo me conduziu ao destino em segurança em cerca de dez minutos.
O SESC Santos ocupa um quarteirão inteiro: autêntico colosso!  Para não me perder lá dentro, apresentei-me à recepção e expliquei ao que vinha.  A recepcionista me orientou até o guichê de outra funcionária, a uns cem metros de distância, e lá repeti minha historinha.  Essa segunda funcionária chamou Solange Alboreda, coordenadora do evento Cli-Fi: Ficção Climática, com a qual já havia combinado minha participação há meses via e-mail e telefone.
Solange me conduziu numa turnê rápida pelas instalações do SESC, com ênfase ao teatro gigantesco e belíssimo, ao auditório onde eu faria minha apresentação — e onde aproveitamos o ensejo para testar o arquivo da referida apresentação em PowerPoint — e à espaçosa área externa da instituição, com destaque para a piscina sob a forma de locomotiva a vapor.


Solange Alboreda, coordenadora do evento.


Em seguida, Solange regressou à sua sala e eu retomei a leitura do conto “The Bead Woman”, da Rachel Pollack, publicado na antologia Future Primitive: The New Ecotopias.  Uma hora mais tarde, voltamos a nos reunir para nos dirigirmos ao auditório.  Uma vez lá, reencontrei o amigo Guilherme Kujalski, que indicou meu nome para participar deste evento no SESC.  Conversamos bastante sobre seminários e congressos de literatura fantástica que frequentamos juntos, como os patrocinados pelo Itaú Cultural e as Fantasticons.  Guilherme é o curador da mostra de cinema Cli-Fi, cerne do evento cultural.
Travei contato com um cinéfilo santista, algo tecnófobo, Rogério de Lima, e revi um amigo da velha guarda da FC paulistana, Ataíde Tartari, que me apresentou a esposa, Rosane Gregório.


Rogério de Lima, Guilherme Kujalski e GL-R.


Ataíde Tartari & Rosane Gregório.

Solange Alboreda e Guilherme Kujalski.



Ante uma plateia de cerca de vinte pessoas, iniciei enfim minha apresentação, “Ficção Climática & Solarpunk”.
Comecei do princípio, introduzindo os conceitos de ecoficção, ficção de mudança climática e solarpunk.  Em seguida, apresentei os elementos constituintes necessários dos trabalhos de ecoficção, de acordo com o teórico Jim Dwyer, autor de Where the Wild Books Are: A Field Guide to Ecofiction (University of Nevada Press, 2010).  Em seguida falei dos temas principais da ecoficção e procurei distinguir os apocalipses ambientais dos demais tipos de apocalipse.
Daí, passei à ficção de mudança climática, conceituando esse gênero literário e apresentei alguns textos clássicos, como os romances de J.G. Ballard; o romance curto Floresta é o Nome do Mundo (1972) da Ursula K. Le Guin e a antologia Future Primitive, minha leitura atual.  Então, introduzi o conceito de “Antropoceno” e passei a apresentar os grandes textos da ficção climática escritos nas duas primeiras décadas do século XXI, dentre os quais os romances distópicos de Margaret Atwood; a trilogia Ciência na Capital, do Kim Stanley Robinson; os filmes O Dia Depois de Amanhã (2004) e Interestelar (2014); a coletânea Pump Six and Other Stories (2009) e o romance biopunk The Windup Girl (2009), ambos do Paolo Bacigalupi; a antologia Loosed upon the World: The Saga Anthology of Climate Fiction (2015); e o romance atualíssimo, New York 2140 (2017), do Kim Stanley Robinson.
Da ficção de mudança climática, passei ao solarpunk, tratando-o como um subgênero punk da ficção científica e comparando-o ao steampunk, destacando sua visão otimista de ecotopia e seu caráter ecofuturista, em vez de retrofuturista.  Falei do papel pioneiro de Clifford D. Simak como um solarpunk avant la lettre em seu romance fix-up City (1951).
Em seguida, falei do movimento cultural solarpunk, proposto pelo ideólogo Adam Flynn em seu manifesto de 2014, quase dois anos após a publicação da nossa Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável.  Daí, citei brevemente as palavras de ordem desse manifesto cultural.
Enfim, falei da antologia Solarpunk (Draco, 2012), contando um pouco da gênese do projeto da “triantologia” punk: Vaporpunk: Relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades (2010); Dieselpunk: Arquivos confidenciais de uma bela época (2011); e Solarpunk: Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável (2012).  Li o prefácio dessa terceira antologia para a plateia, destacando que, não obstante seu papel pioneiro de marco zero literário do movimento solarpunk, não se trata de um livro política ou ecologicamente engajado, mas, antes, da reunião de nove narrativas cujo objetivo precípuo é entreter o leitor e não despertar sua consciência ecológica.
Concluí minha apresentação com as descrições sumárias dessas nove narrativas:
“Soylent Green is People” (Carlos Orsi): ficção científica noir.  Em bela trama policial futurista, detetive investiga o desaparecimento de uma anciã.
“O Confronto dos Reinos” (Telmo Marçal): rara distopia solarpunk que aborda a hipótese de humanos fotossintéticos canibais.
“E Atenção: Notícia Urgente!” (Romeu Martins): near future com temática atual, inclusive, indústria transgênica e armas biológicas, além de corrupção política nas altas esferas (escrito alguns anos antes da descoberta do Petrolão).
“Era uma Vez um Mundo” (Antonio Luiz M.C. da Costa): história alternativa ambientada no universo ficcional Outros 500.  Na década de 1930, terroristas de extrema-direita planejam sabotar usina experimental de fusão termonuclear.
“Fuga” (Gabriel Cantareira): thriller de ficção científica em que a heroína empreende fuga para sabotar tecnocracia paulistana.
“Gary Johnson” (Daniel Dutra): ficção científica com cheiro de história alternativa.  Inventor brasileiro Landell de Moura extrai energia vital de seres humanos.
“Xibalba Sonha com o Oeste” (André Soares Silva): história alternativa com temática instigante e inovadora, ambientada em linha histórica onde a civilização ocidental aparentemente não existe.  Em plena Baía da Guanabara, ameríndios tecnologicamente avançados — mas dependentes da civilização chinesa — exploram a energia dos relâmpagos atmosféricos.
“Sol no Coração” (Roberta Spindler): narrativa de FC pungente e original, baseada na premissa de que os humanos do futuro se tornaram fotossintéticos graças ao emprego da nanotecnologia.
“Azul Cobalto e o Enigma” (Gerson Lodi-Ribeiro): presente alternativo com ares futuristas ambientado no universo ficcional Três Brasis, em que a República de Palmares se transforma na maior potência da Terra.  Operativo brasileiro trajado com superarmadura — espécie de Homem-de-Ferro tupinica — defronta-se com misterioso agente secreto imortal de Palmares em vários pontos do Sistema Solar.[1]
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Finda a apresentação propriamente dita, passei a palavra à plateia para que essa manifestasse seus comentários e perguntas.  Não obstante o público relativamente reduzido, a participação foi intensa, com dezenas de questões, colocações e comentários, não só a respeito das ficções apresentadas, mas também sobre as questões ecológicas e de autossustentabilidade correlatas àqueles textos.  Após mais de uma hora de bate-papo, encerramos as atividades do SESC nesta noite de sábado.  Guilherme, Rosane, Ataíde e eu decidimos sair para jantar.  Assoberbada de trabalho, Solange, infelizmente, não pôde nos acompanhar.
Caminhamos os quatro por cinco ou seis quadras, do SESC até o apartamento do casal.  Assim pude conhecer um pouco da cidade de Santos.  A impressão inicial é de que essa região central da cidade é uma versão em escala reduzida e muito mais ordeira da Zona Sul do Rio de Janeiro (com muito menos criminalidade, também).  A parte mais importante da cidade, que inclui seu centro histórico, situa-se na Ilha de São Vicente, dividida entre os municípios de Santos e São Vicente.  Essa parte insular e histórica de Santos é dividida por canais, construídos para escoar a água da chuva.  Meu hotel se situa no bairro Gonzaga, entre os canais 2 e 3.
Fizemos uma parada breve no apartamento de Rosane & Ataíde.  Da varanda da unidade, situada no oitavo andar do edifício, pudemos avistar os guindastes do maior porto da América Latina, os arranha-céus de trinta ou quarenta andares que me fizeram lembrar os da Praia da Boa Viagem, no Recife, e os morros da vizinhança.
Saímos de carro rumo à região do canal 1, para o restaurante e pizzaria Van Gogh.  Como chegamos a esse estabelecimento badalado por volta das 20h00, foi possível escolher uma mesa aprazível para nós quatro.  Jantamos duas pizzas: uma calabresa e outra de brusqueta com mozarela de búfala, regadas por dois tintos, o português Dão Invulgar e italiano da Toscana, Montepulciano Fantine.  Ambos saborosos, assim como a pizza calabresa.  Quanto à vegetariana, nem sequer sobrou-me energias para prová-la.J
Não obstante a excelência dos tintos e das pizzas, como sói acontecer nesse tipo de evento, o melhor de tudo foi o papo com os amigos.  Conversamos muito e de tudo um pouco: das nossas carreiras e da perspectiva próxima ou distante da aposentadoria; de escritas e leituras; de congressos de literatura fantástica passados, presentes e futuros; de comida e vinhos, é lógico; de amigos que se foram, com ênfase em Max Mallmann; da crise política brasileira; de dietas, saúde e estilos de vida saudáveis.  O papo estava tão bom que, mesmo encerrado o ágape, só pagamos a conta e deixamos o estabelecimento por volta das 23h00.

Jantar no Van Gogh.


O casal Rosane & Ataíde me deixou no hotel.  Combinei com o Guilherme que amanhã cedo entrarei em contato com o taxista que fará nosso translado de Santos para São Paulo na segunda-feira de manhã, para tentar adiantar o horário em que ele deverá nos buscar em nossos respectivos hotéis.
Atlântico Golden, Santos, Rio de Janeiro, 20 de maio de 2017 (sábado).

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DIA 2:
201705211145P1 — 20.771 D.V.

Acordei por volta das 06h20 e, após uma ducha rápida, parti direto para o desjejum no sétimo andar do Atlântico Golden.
Café da manhã com tudo de bom: queijos e frios (salame, inclusive); ovos mexidos bem macios; café preto e forte; iogurte de mamão com pêssego; sucrilhos com leite e, o melhor de tudo, suco de laranja de verdade e bem fresquinho.  Com toda a certeza, não precisarei almoçar hoje.
Uma vez de volta ao quarto 313, comecei a trabalhar nesta crônica — tarefa interrompida diversas vezes para tentar entrar em contato com o taxista responsável pelo translado de amanhã.  Liguei para a recepção e fui informado de que os celulares da operadora Claro não funcionam no hotel.  Fiz uma chamada local para o celular do tal Plínio pelo telefone fixo do quarto, mas caiu em caixa postal.  Preocupado, liguei para a Solange lá no SESC e ela prometeu tentar resolver o problema.
Concluída a etapa atual da presente crônica, retomei a escrita do terceiro romance de da trilogia Mundo-sem-Volta, em que estou trabalhando de forma intermitente já há alguns anos, ambientada no universo ficcional Tramas de Ahapooka, pelo qual já publiquei o romance A Guardiã da Memória (Draco, 2011) e as noveletas “Alienígenas Mitológicos” (Isaac Asimov Magazine de Ficção Científica nº 15, Record, 1991) e “A Filha do Predador” (Sci-Fi News Contos nº 1, 2001).  Consegui escrever duas cenas curtas sobre o mesmo tema geral: a eleição inédita de uma humana para o cargo de chefe de governo do Império, a maior potência do Grande Continente da Ahapooka.  A primeira cena foi inserida no penúltimo capítulo que escrevi até agora e a segunda no último.
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Às 15h00 saí do quarto 313 disposto a percorrer a pé os menos de três quilômetros que separam o Atlântico Golden do SESC Santos, com auxílio do aplicativo MapMe.  Vã pretensão.  Pois, a chuva fina e irritante atrapalhou meus planos, obrigando-me a pedir um UBER, que me levou ao SESC em cerca de dez minutos.  Mesmo com a tarifa de 1.2, a corrida saiu pouco mais de R$ 9,00.
Ao chegar, liguei para a sala da Solange Alboreda e a funcionária que me atendeu apareceu para abrir as portas do auditório.  Aguardei na primeira fila até que Solange e Guilherme Kujalski aparecessem.  Os dois trouxeram a plateia com eles.  Ambos falaram brevemente sobre a mostra de cinema Cli-Fi e então deram início à exibição da última das oito sessões da mostra, o filme de ficção científica Interestelar (2014), de Christopher Nolan.  Com 169 minutos de duração, essa exibição se estendeu até quase 19h00.
Achei que a plateia de cerca de trinta pessoas iria se dispersar após o fim do filme, mas todos permaneceram para a sessão de perguntas e debates.  Como curador da mostra de cinema Cli-Fi, Guilherme destacou a importância dos filmes de ficção climática que não constituem meros documentários.  Quando ele me passou a palavra, falei um pouco sobre os tópicos e temáticas do filme; da consultoria científica prestada pelo astrofísico relativista Kip Thorne ao diretor e roteiristas; expliquei os conceitos de buracos negros e buracos-de-minhoca; e me alonguei um pouco sobre as semelhanças temáticas entre Interestelar e 2001: uma Odisseia no Espaço.
Bastante interessada, a plateia apresentou dezenas e dezenas de perguntas e colocações, algumas de caráter astrofísico, outras de caráter ecológico e ambiental.


Mostra de cinema Cli-Fi: bate-papo pós-exibição de Interestelar.



Ao fim do evento, acompanhados pelo casal Rosane & Ataíde, eu e Guilherme nos dirigimos à sala da Solange para tentar acertar a antecipação do horário de nosso translado para São Paulo amanhã de manhã.  Nada feito.  Daí, despedimo-nos da Solange e seguimos sob uma chuva já mais grossa até o automóvel do casal, onde embarcamos e rumamos para uma confeitaria gourmet, o Empório São José.
Uma vez no segundo piso do estabelecimento, pedimos nossas opções de pratos, no meu caso, buffet de sopas e salgadinhos (também havia umas sobremesas apetitosas, mas não cheguei nem perto).  Para acompanhar, escolhi um Pizzato Reserva Merlot 2010, rótulo longevo, mesmo em se tratando dessa vinícola de qualidade.  Tramei uma minidegustação às cegas para Rosane e o Pizzato a fez perder os preconceitos em relação aos tintos brasileiros.  Tomei dois pratos de caldo verde e um prato de salgadinhos.  Durante a refeição, conversamos sobre estilos de vida autossustentável; pais e filhos; minimalismo; indignação com a corrupção sistêmica que afeta o Brasil; ficção climática e outros bichos mais.
Por volta das 22h00, saímos da confeitaria e embarcamos no automóvel do casal, que graciosamente nos deixou em nossos respectivos hotéis.
Amanhã pretendo acordar às 05h00 para me arrumar com calma para embarcar no translado para Congonhas e de lá pegar a ponte aérea para o Rio.
Atlântico Golden, Santos, Rio de Janeiro, 21 de maio de 2017 (domingo).

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DIA 3:
201705221250P2 — 20.772 D.V.

Acordei hoje às 05h00 com o serviço despertador do hotel, tomei banho, concluí a arrumação da mochila deixada semiprontificada de véspera e desci para o check-out.  Enquanto quitava as pequenas despesas da hospedagem (frigobar e telefonemas locais, pois as diárias foram pagas pelo SESC), Guilherme Kujalski apareceu na recepção, pois regressaria para São Paulo de carona no táxi que o SESC contratara para mim.  Subi para um desjejum expresso no restaurante do hotel no sétimo andar, sem, no entanto, abrir mão do iogurte e dos queijos & frios.  Às 06h00 estava de volta na recepção.
Agendado para as 06h30, nosso táxi chegou às 06h10.  Uma felicidade, pois estávamos preocupados com o horário de meu embarque de regresso para o Rio no Aeroporto de Congonhas.
Com os engarrafamentos e retenções na saída de Santos e na altura de Diadema, no Grande ABCD Paulista, nossa viagem até Congonhas durou duas horas e vinte e cinco minutos.  Algo estressado, despedi-me do Guilherme e do motorista Anaíldo, desembarquei do táxi no início da calçada da área de embarque do aeroporto e caminhei a passos rápidos até o setor correto, pois já eram 08h35 e talvez já não desse mais tempo para pegar meu voo, pois o Gol 1014 decolaria às 09h05.
Quando enfim me deparo com o painel informativo das partidas, quedo-me em êxtase ao descobrir que o voo só partiria às 09h45.
Mais calmo e com tempo de sobra, como já havia feito o check-in anteontem e não tinha bagagem para despachar, dirigi-me lépido e fagueiro ao portão 17.  Houve tempo até mesmo para um pulinho no toalete para atender um chamado da natureza.  Minutos mais tarde, descobri que o portão de embarque do voo Gol 1014 havia mudado para o nº 9.  Sem pressa, caminhei as duas ou três centenas de metros até lá, com direito a uma mudança de piso.
O embarque se deu com pontualidade, mas o voo só decolou às 10h05.  Viagem tranquila, a tripulação de cabine da Gol serviu até um sanduiche que não caiu mal.  Leitura de bordo: noveleta “Chocco”, de Ernest Callenbach, na antologia Future Primitive.
Pousamos no Santos Dumont às 10h40.  Meia hora e um aeroporto de caminhada mais tarde, embarcava no UBER que me traria de volta para o lar doce lar.
Resumo da empreitada: esta ida a Santos para fazer a apresentação “Ficção Climática & Solarpunk” no sábado e participar do bate-papo pós-exibição do Interestelar no domingo constituiu uma experiência divertida e gratificante, além de uma oportunidade rara de rever velhos amigos, como Guilherme Kujalski e Ataíde Tartari, e fazer novos amigos, como Solange Alboreda e Rosane Gregório.  O fato é que é sempre bom falar do que se gosta.  A se lamentar, apenas o fato de não ter havido oportunidade de passear e conhecer Santos um pouco melhor, pois o clima não ajudou.  Quem sabe esse anseio insatisfeito não serve de pretexto para eu voltar outra vez com mais calma?
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, 22 de maio de 2017 (segunda-feira).



Presentes no SESC Santos:
Ataíde Tartari
Gerson Lodi-Ribeiro
Guilherme Kujalski
João Rúbio
Rogério de Lima
Rosane Gregório
Solange Alboreda




[1].  A versão em PDF da apresentação “FC Climática & Solarpunk” pode ser baixada no link abaixo: